Olá Jovem Mulher,
Março chegou e com ele várias actividades em prol da Mulher. Hoje em especial, comemora-se o Dia da Mulher Angolana, e nós vamos começar uma série de entrevistas com árias mulheres, que actuam em diferentes esferas profissionais, de diferentes idades mas, acima de tudo, mulheres normais como nós.
Para hoje trazemos uma jovem mulher que é um amor de pessoa, de trato fácil e que gosta de cantar. Conheci-a no ISUCIC – Instituto Superior de Ciências da Comunicação. Vamos começar?
1. Antes de mais, queremos conhece-la. Pode dizer-nos como se chama e o que faz?
R: Antes de mais, agradeço por ser uma das jovens mulheres escolhidas para as
entrevistas deste mês totalmente dedicado a mulher.
Alzira Neto é meu nome, e olha de momento estou mesmo em casa de repouso
devido a minha gestação.
2. Como definiria a mulher que é hoje?
R: Definir a mulher que sou hoje, bastante madura, e bem determinada com muitos
planos e ambições à nível profissional agora com os pés bem assentes no chão.
3. É a primeira mulher a defender o trabalho de monografia em Ciências da Informação
em Angola. O que significa isso para si?
R: Ser a Primeira mulher a defender o trabalho de monografia em Ciências da
Informação (CI), foi bastante satisfatório, embora tenha sido um grande desafio, é um projecto
longo com vários percalços, foi uma honra acredito que sobe representar bem esse primeiro
lugar, cresci e ganhei muito, não só pela nota, mas pelo conhecimento adquirido.
4. De onde veio aquela segurança toda? Porque a sua defesa foi um verdadeiro show
de conhecimento.
R: Primeiramente agradecer pelo reconhecimento. A minha segurança veio de mim
mesma, acreditei nas minhas capacidades, no tempo todo de pesquisa, de busca intensiva de
material, de conhecimento, de muita leitura, por outra, quando se sabe o porquê da escolha
do tema, e o que o mesmo vai resolver, ter os objectivos bem definidos, tudo flui. E
principalmente quando você mesma faz o teu trabalho.
5. Foi difícil formar-se em CI?
R: Formar-me em CI, sim foi difícil. Mas, grandes benefícios exigem também grandes
sacrifícios, tendo em conta que é o primeiro curso em Angola, muita novidade quanto as
disciplinas, aos professores a linguagem dos mesmo, mas ainda assim deu para vencer essa
batalha, e foi necessário ser difícil para ter esse significado todo.
6. O que é que vai ficar para sempre guardado desta fase da sua história?
R: Olha! Hoje consigo rir lembrando essas dificuldades, mas em tempos lágrimas
caíram sobre o meu rosto. Olha a falta de dinheiro para táxi, e saídas em várias horas SI.
Dificuldade em entender a linguagem dos professores, medo de não conseguir fazer os
trabalhos finais, falta de computador, e internet. Olha foram inúmeras as dificuldades.
7. É difícil ser mulher em Angola?
R: Eu diria que já foi mas difícil ser mulher em Angola, embora para muitos homens as
mulheres só servem apenas para cuidar da casa do marido e filhos. Hoje já observo uma
postura diferente em relação às mulheres, sua inserção em várias esferas da sociedade, sua
força, inteligência, sua forma de defender o país com argumentos lógicos baseado em estudos
de maior profundidade.
Hoje posso dizer que já não é difícil ser mulher em Angola.
8. Na sua opinião, quais são as maiores dificuldades que as mulheres enfrentam
actualmente?
R: Embora nós estejamos inseridas em várias esferas da sociedade, mas ainda assim
existem inúmeras dificuldades: Na condução, no trabalho se algo der errado, a culpada
é logo a mulher, somos sempre as lentas, ineficientes e nos relacionamento conjugal,
em suma, embora façamos muita coisa evolutiva, no primeiro erro o nosso gênero é
culpado de tudo.
9. A ONU criou a rede ONU Mulheres, que dentre outros objectivos, está o
empoderamento de mulheres e meninas. O que acha desta iniciativa?
R: Acho uma iniciativa louvável por parte da ONU, de modo a mostrar para o mundo o
valor das nossas mulheres, suas qualidades, capacidades e o verdadeiro respeito que nos é
merecido. Olhar para nós como seres capazes de também dar resposta aos diversos desafios
da sociedade como qualquer homem.
10. A música está associada à sua vida. De que formas isso acontece?
R: A música na minha vida, está associada desde que me conheço como gente, ela me
acalma me faz flutuar, tiro em cada música sua verdadeira essência.
11. Canta de forma profissional ou a música é o seu escape?
R: Já cantei profissionalmente, durante três anos, mas tive que dar uma pausa por
causa dos estudos, em breve voltarei aos palcos.
12. Considera existir limitações para as mulheres ou como diz o adágio “lugar de mulher
é onde ela quiser”?
R: Lugar de mulher é onde ela quiser. Não! Porque na vida tudo nos é lícito, mas nem
tudo nos convém.
13. Que papel a família representa na sua vida?
R: A família na minha vida é tudo, meu pilar, minha força e primeira escola, meu
aconchego, calor humano, minha segurança, meu amor é o que sou.
14. O factor maternidade ainda define uma mulher?
R: O factor maternidade sempre vai definir uma mulher, não importa o cargo que
ocupa na sociedade, a maternidade faz parte da essência da mulher, dar vida, criar, cuidar e
educar.
15. Quando pensa em si e na vida, o que mais a motiva?
R: Na vida quando penso em mim, o que mas me motiva. Deus que me dá mais uma
oportunidade de me levantar em cada manhã, saber que meu tempo é para alcançar
meus sonhos, objectivos já estão traçados põe ele e que a qualquer momento vai
chegar, não tenho necessidade de passar por cima de ninguém. O que me motiva é a
vida, cada manhã.
16. Qual foi a sua maior conquista e qual será o próximo passo?
R: A minha maior conquista foi a licenciatura, de seguida e que está a ser uma
experiência boa e longa, a minha gestão, ansiosa pela chegada do meu filho, o próximo passo é
a questão profissional.
Depois desse processo de pausa vou dar meu máximo para vencer na vida.
17. Que mensagem deixaria para as mulheres e meninas angolanas?
R: Minhas mamãs Angolanas, não desistam nunca dos vossos sonhos, porque
enquanto há vida há esperança, sejam vocês mesmas sempre, tenham o poder de decisão nas
vossas mãos. Nunca é tarde.
18. Conhece o Site Jovem Mulher? Como o descreveria
R: Ainda não tive a oportunidade de conhecer, mas gostaria muito de poder conhecer.
19. Quer acrescentar alguma coisa que não perguntamos?
R: Não tenho nenhuma pergunta para acrescentar, mas quero muito dar meu apoio
neste site, e no que eu poder ajudar ou contribuir estou ao vosso inteiro dispor.