Olá Jovem Mulher, vamos recomeçar?
Hoje eu vim para recomeçar, e contar um pouco de uma história de recomeços constantes, perspectivas, sonhos, metas e planos. Estou a contar esta história porque descobri que enquanto há sol, há sempre uma nova chance para recomeçar, não importa a hora, a idade, apenas recomece.
Estava a conversa com uma amiga no Facebook sobre recomeçar, quando de repente perguntei-lhe se já lhe havia falado sobre a minha monografia, é que ultimamente não tenho vivido para outra coisa, e do quanto eu estava emocionada por enfim terminá-la.
Claro que sendo minha amiga, ela ficou feliz por mim e escreveu logo um “Amém já deu tudo certo”, que prontamente respondi “já deu sim. 16 anos depois da minha previsão aos 15 anos de idade, acho que vou fazer um post no blogue sobre isso”.
Acham que perdemos tempo, não, claro que não. Ela sugeriu a ordem temática do texto e eu logo vim para aqui começar a escrever.
Perspectivas aos 15 anos
Quando eu tinha 15 anos, era uma miúda normal como qualquer outra miúda na minha idade, começava a pensar no futuro e a criar expectativas sobre as minhas perspectivas para o futuro, e como qualquer miúda de 15 anos, tinha tudo muito bem desenhado, só tinha que viver de acordo.
Estão curiosas eu sei, aí vão as minhas perspectiva de vida: terminar o ensino médio, ir para a faculdade estudar Inglês ou Construção civil, porque eu me via sempre por cima de um andaime vestida de botas grandes e chapéu protector. Com pranchetas e a dar ordens em Inglês (enfim).
Terminar a faculdade aos 23 anos, esta meta não admitia interferências. Era minha prioridade número 1 e meu passaporte para a liberdade!
Sonhos
Sonhei tanto, que vivia a minha vida em função disso. Não lembro se contei a minha mãe alguma vez, mas ela era minha principal aliada. Matriculava.me em todos os cursos que eu queria ou que ela descobria, também na época não eram muitos.
Lembro-me de ter feito o curso de informática a mais de 20 anos (disquetes, MSDOS, memória RAM e ROM), foi super engraçado, não sei se foi útil, mas fiz. Comecei a fazer o curso de Inglês na DLS(nos combatentes), grandes momentos, me sentia a própria prima do William, 2 anos de Inglês. Foi útil e favorável. E fiz outros mais.
Sonhos perdidos
Quando terminei o ensino médio, a emoção e a expectativa de ir entrar para a faculdade era tanta que eu vivia enfiada nos livros, não tinha tempo para nada nem ninguém.
E lá chegou o dia, dos testes, Direito e Inglês foram as minhas opções na altura.
61 pontos/valores foi o meu resultado para a prova de Direito, não entrei porque não acertei mais uma questão que me permitiria obter os 64 pontos obtidos. Tinha que recomeçar tudo outra vez.
Já a Inglês, passei na primeira fase (escrita), teria que fazer o exame oral. Ainda havia uma chance, mas sentir que tinha falhado foi demais para mim. Não sei se foi por causa disso ou não, mas antes do teste oral acordei com uma paralisia facial.
E o meu mundo (naquele momento) tinha literalmente acabado. Eu nem tinha 20 anos ainda.
Bênçãos alcançadas no caminho
Enfim, 3 anos depois de muita fisioterapia, depressão, remédios e radioterapia, volto a estudar para os testes, já não me pressionava tanto (SQN), ganhei com a paralisia, uma enxaqueca que na altura foi considerada crônica.
Não podia exagerar, diziam os médicos, mas meu vício sempre foi ler e então, recomecei.
Passei nas duas Faculdades onde me tinha inscrito, administração Pública e contabilidade, eram já os cursos do momento. Optei por fazer contabilidade. Eu não era mais aquela menina de 15 anos, as metas foram quebradas e sinceramente, aqueles anos “parada” transformaram-me. Cresci, comecei a trabalhar e tinha já muitos interesses a mistura.
Família, filhos, sacrifícios
Continuava a ter metas e a ter os meus objectivos de vida bem definidos, claro que já não eram os mesmos dos 15 anos, por coincidência, entrei para a faculdade, no ano que devia estar a sair. Destino?
Quando estava a fazer o 3º ano, engravidei, mais uma vez tinha que desistir de tudo. Parar tudo de novo, mas desta vez era uma parada agridoce. Porque ia ser mãe. Ter uma Pessoinha que seria uma mini me. Uma não, tive 3. Portanto, Fiquei parada por muito tempo.
Mas era mãe, tinha o meu emprego, e era feliz. Sim feliz.
Recomeços
Depois de 7 anos parada, a pessoa começa a duvidar até da própria sanidade mental, do propósito da sua vida, desisti de mim várias vezes, nunca por querer, foram sempre desistências que a vida me impôs.
Mas surgiu depois de vários anos, quando eu já ponderava permanecer no vácuo (do deixa andar, a vida é assim mesmo), uma oportunidade de recomeçar.
Portanto, fui lá e a agarrei com tudo o que ainda retava daquela menina de 15 anos, com tudo que ainda havia em mim. Decidi recomeçar, e recomecei. A vida não é justa para ninguém, há que recomeçar e tentar sempre.
Me inscrevi num Instituto Público que havia perto de casa (não estava a trabalhar a algum tempo e as coisas não eram fáceis), o curso desta vez era Ciência da Informação, a minha praia.
Além disso, já tinha o blogue na altura (a primeira versão surgiu em 2012/3 e chamava-se Dona de casa Jovem).
Porque já estava com o vício de ler aliado a internet e as suas maravilhas. Então este foi o curso perfeito para agregar tudo o que eu gostava de fazer e o que me deixava confortável fazer.
Atingir metas
Descobri que para cada fase da vida, existem as suas prioridades e hoje graças a Deus que que me permitiu recomeçar, eu recomecei. 2015-2018, 4 anos, uma das melhores da turam, com uma das melhores classificações nos 3 primeiros anos em trabalhos em grupo de fim do semestre/ano seleccionados para as Jornadas Científicas. Monografia terminada com sucesso. Depois vos conto sobre a defesa.
O mais importante de tudo, Eu consegui, e descobri que a vida é tão plena em si mesma, que nos permite tantos pequenos milagres e nem percebemos ou valorizamos.
Claro que hoje, tenho novos sonhos, novas metas, e vou recomeçar outra vez, quantas vezes forem necessárias até atingir o andaime e gritar em Ingles: Yes, i did it.