Olá Jovem Mulher,
Para a entrevista de hoje, trazemos uma jovem mulher que é um amor de pessoa, sempre com um sorriso no rosto mas que tem um pavio curto. Muito frontal e verdadeira, amiga dos seus amigos, é esposa, mãe, profissional e depois de muitos anos resolveu voltar a estudar e concluir a licenciatura. Vamos começar?
J.M: Como se chama, o que faz e como conheceu o Site Jovem Mulher?
S. B. P. S: Olá Jovem mulher. Chamo-me Susete da Conceição Barbosa Neto da Paixão e Silva, trabalho como secretária numa empresa de importação e exportação. Conheci o Site por intermédio de uma amiga.
J.M: Consegue se sentir representada pelo nosso Site?
S. B. P. S: Com certeza, uma vez que é um Site que representa as mulheres.
J.M: É uma mulher de acção, que vai e faz. Qual é a sua opinião sobre mulheres independentes?
S. B. P. S: Não adianta dizer que sou uma mulher independente e no final depender do que os outros vão dizer. Uma mulher independente é forte e capaz, não espera que lhe digam o que fazer ou como fazer, ela vai e faz. Ela é confiante e sem medo de correr riscos, não desperdiçar tempo com queixas, investe em si mesma e sabe que para alcançar os seus objectivos tem que se fazer feliz primeiro, isto é, ser ela mesma.
J.M: Há limites para as mulheres guerreiras?
S. B. P. S: Para mim os limites das mulheres guerreiras é a realização dos seus objectivos.
J.M: Como definiria a mulher que é hoje?
S. B. P. S: Uma guerreira abençoada por Deus! Sou uma filha dedicada, esposa, mãe, trabalhadora, estudante e com a graça de Deus fui agraciada com um «grupinho» de amigas que fazem maravilhas em minha vida.
J.M: A Susete é mãe, trabalha de segunda a sábado, é esposa, é estudante, como tem conseguido gerir tantas ocupações?
S. B. P. S: De principio foi um pouco difícil quando comecei a estudar, mas fui me ajeitando e agora consigo gerir o tempo para tudo isto e conto também com a ajuda do esposo e dos filhos.
J.M: Há espaço e tempo para viver a sua vida, fazer algo para si mesma?
S. B. P. S: Graças a Deus sim.
J.M: Já agora, o que faz para se divertir?
S. B. P. S: Procuro criar ambientes como sair com as amigas, as minhas irmãs e de vez em quando saio mesmo sozinha.
J.M: Vários anos depois de ter feito o ensino médio, voltou a Universidade para concluir a licenciatura. Porquê, o que a motivou?
S. B. P. S: Porque sempre tive vontade de continuar a estudar. A motivação veio dos meus filhos.

J.M: É difícil recomeçar, fale-nos um pouco sobre as dificuldades que teve que enfrentar e superar para terminar o curso?
S. B. P. S: Realmente foi difícil. Mas quando colocamos Fé nos nossos objectivos conseguimos superar. De principio a própria adaptação com a rotina escolar. Uma das maiores dificuldades foi a «guerra» com o meu Director por causa do horário das aulas (13h00); a rotina de casa com a família também.
J.M: Se podesse voltar no tempo, estudaria antes de ter outros compromissos ou faria tudo da mesma forma?
S. B. P. S: Acredito que estudaria antes de ter outros compromissos. Ou se calhar o próprio tempo poderia me mostrar algo no momento.
J.M: É difícil ser mulher em Angola?
S. B. P. S: Para mim pessoalmente não, mas acredito que para muitas mulheres sim. Vistos que ainda existem obstáculos que impedem a mulher de crescer em algumas áreas.
J.M: Na sua opinião, quais são as maiores dificuldades que as mulheres enfrentam actualmente?
S. B. P. S: Uma das maiores dificuldades que as mulheres enfrentam actualmente acredito ser a sua afirmação dentro da própria sociedade; o desrespeito em si; a descriminação em certas áreas da sociedade assim como a violência contra ela que muita das vezes chega a custar a própria vida.
J.M: As mulheres têm se debatido com vários problemas de identidade e afirmação social. Pode nos dizer qual a sua opinião a respeito?
S. B. P. S: Infelizmente esta é uma luta que muitas sociedades não encaram de bom grado, a afirmação social da mulher. Acredito que ela (mulher) não deve limitar-se a aceitar o que lhe é imposto e sim continuar a mostrar que também é capaz de ser uma líder, um ser capaz de contribuir nos diversos campos sociais para ajudar no desenvolvimento das comunidades dentro de uma sociedade.
J.M: Qual é a sua opinião a respeito do empoderamento de mulheres e meninas?
S. B. P. S: Acredito ser um bem necessário, pois já está mais do que na hora de olhar para a mulher como um gênero capaz de posicionar-se em diversas áreas da sociedade.
J.M: Para si, qual tem sido o maior desafio para as mulheres na sua vida diária?
S. B. P. S: O maior desafio para as mulheres na sua vida diária é sem duvidas gerir o tempo para as suas ocupações. Acredita, não é fácil….. ser esposa, trabalhar, cuidar da casa, filhos, estudar (se for estudante, como eu) e ainda arranjar tempo para se divertir.
J.M: Existem limitações para as mulheres? Ou como diz o adágio “lugar de mulher é onde ela quiser”?
S. B. P. S: Bem, ao meu ver acho que há limitações para as mulheres no que tange a questões biológicas, (homens e mulheres), a nível social acredito que as mulheres podem procurar abraçar desafios que as coloque ao mesmo patamar que os homens.
J.M: É mãe babada de 3 meninos lindos e uma menina encantadora. Acha que a maternidade define uma mulher?
S. B. P. S: Com certeza que define! É de Deus! Acredito ser a parte mais bonita e importante na vida de uma mulher. Eu amo ser mãe!
J.M: O que mais a motiva, o que faz a Susete inspirar e recomeçar?
S. B. P. S: Meus filhos! Não tem como, pois qualquer abalo em minha vida, por mais que me torture, basta pensar neles logo me recomponho, levanto a cabeça e sigo em frente.
J.M: Sente-se uma mulher realizada ou ainda tem metas para alcançar?
S. B. P. S: Ainda não. Faltam algumas metas a alcançar, tanto a nível familiar como económico e social.
J.M: Qual foi a sua maior conquista ou alegria até a data actual?
S. B. P. S: A maior conquista foi o sonho da casa própria realizado e a maior alegria foi o nascimento dos meus filhos e vê-los crescer saudáveis.
J.M: Qual foi o maior obstáculo que superou?
Posso dizer que foi a perda da minha sogra, fiquei sem chão. Era como uma mãe para mim. Não posso dizer que já superei na totalidade, mas aos poucos e com a ajuda do próprio esposo estamos a superar.
J.M: Que mensagem deixaria para as mulheres que como a Susete, a história da vida levou-as a interromper os seus sonhos acadêmicos?
S. B. P. S: A minha mensagem é: nunca é tarde para recomeçar. Por mais que a vida nos coloque obstáculos devemos sempre levantar a cabeça e seguir em frente. Com muita Fé e determinação. Desejo a elas muita coragem e que nunca desistam de lutar pelos seus sonhos
J.M: Quer acrescentar alguma coisa que não perguntamos?
S. B. P. S: Sim. A contribuição das mulheres na luta contra a violência domestica. Sendo que elas são na sua maioria as próprias vitimas, acredito que para além da parte governamental, cabe também às mulheres engajarem-se mais nesta luta, saberem dizer basta, serem mais corajosas, mostrar que devem ser respeitadas, que não estão na sociedade unicamente para servir de trampolim, mas sim para ser companheiras, colegas, amigas, enfim que devemos caminhar lado a lado.
J.M: A Susete considera-se uma mulher feliz?
S. B. P. S: Sim. Por ter Deus em minha vida que me permite ter a graça de dormir e acordar todos os dias, por ter uma família fantástica, por ser eu mesma e ter amigas das gargalhadas… Enfim, porque me permito ser feliz.
Obrigada Jovem Mulher por esta oportunidade!
Continuem desta forma, é um grande incentivo para as mulheres este Site e esta de parabéns toda a equipa.
Parabéns Natália!